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Rota do Lobisomem: 3 dias de cicloturismo na Mantiqueira

Quase 2 anos já tinham se passado. Com minha ida a São Paulo e o quase fim do Aventrilha, não tinha realizado nenhuma viagem de bike desde o fim de 2016.

No feriado e final de semana dos dias 2 a 4 de novembro foi vez de acabar com essa longa seca – e em grande estilo. Foi também a primeira cicloviagem com minha gravel bike e com as novas bolsas de bikepacking da Corisco.

Essa é a rota:

Hoje vou contar um pouco da rota, bagagem e bikes e que utilizamos para a viagem.

Dia 0

Ainda na quinta feira, dia 1º de novembro, me encontrei com o Lucas. Nós iríamos realizar nossa primeira cicloviagem juntos. Mais que isso: era a primeira vez que eu o via em pessoa.

fernando cintra e lucas fagundes em cicloviagem

Ele respondeu um dos emails da newsletter do Aventrilha comentando sobre nunca ter realizado uma cicloviagem. Nosso papo foi longe e eu não exitei em convidá-lo para essa cicloviagem que originalmente era para eu ter realizado sozinho.

Nos encontramos no ônibus em Atibaia e fomos até Joanópolis. A Viação Atibaia aceita bicicletas no bagageiro sem o menor problema e, mesmo sendo feriado, não criou nenhuma dificuldade para que levássemos as bikes.

Chegamos na pacata Joanópolis, de onde sairíamos no dia seguinte, encontramos nossa pousada – a única da viagem – nos conhecemos um pouco melhor e fomos dormir já meio tarde.

Dia 1

 O clima do primeiro dia da cicloviagem estava espetacular. Um céu azul irreconhecível para novembro, pássaros cantando, temperatura agradável. Tomamos café na padaria da rua principal da cidade, ajeitamos um pouco mais as bolsas e partimos.

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Os primeiros 17km seriam na incrível estrada de asfalto que liga a cidade à turística Cachoeira dos Pretos, uma das maiores do estado de São Paulo.

Nós dois estávamos com a mesma bolsa de guidão de bikepacking e ambos começamos a ter problemas com ela. Paramos algumas vezes para ajeitá-las e seguimos viagem (eu vou falar dessas bolsas depois).

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Chegamos na Cachoeira dos Pretos por volta das 9h00. Éramos uns dos primeiros a chegar lá no dia e, portanto, ela estava praticamente vazia. Tivemos a vista da Cachoeira toda nossa por quase 1 hora

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O dia ainda reservava muitos quilômetros de distância (e centenas de metros de ganho de elevação) então após reabastecer nossas caramanholas e comer umas barrinhas, seguimos.

Passamos mais adiante pela encantadora Maria Alferes, meio que um bairro, mas mais para uma vila, encrustrada no meio da Mantiqueira. Esse foi o trecho mais bonito do dia e  tiramos algumas belas fotos alí.

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A bolsa de guidão do Lucas não estava mais aguentando e, antes que começássemos a longa descida de terra de 11km até São Francisco Xavier, paramos para ajeitar a sua bolsa de uma vez por todas.

Uma pena porque ela tem realmente um material excelente, mas simplesmente não para no lugar! Fizemos uma gambiarra e por sorte ele estava com uma trunkbag da Topeak que ia num bagageiro, e assim pudemos prendê-la.

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A descida para São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos, é longa, looonga, loooonga e belíssima. Nossas Gravel desceram muito bem e chegamos lá sem grandes problemas.

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Lá é reduto de ciclistas da região e encontramos vários tanto subindo e descendo como na própria São Francisco. Uma chuva enorme caiu e nós, que iríamos originalmente até Monteiro Lobato naquele dia, optamos por ficar lá mesmo, onde eu conhecia uma pessoa que poderia nos dar um quintal para armar as barracas.

A questão foi que chegando nesse local, ofereceram para gente uma espécie de casa com chuveiro e colchões para ficar durante a noite. Nós não recusamos e dormimos lá dentro com as barracas hahaha.

Passamos de noite na vila para tomar uma cerveja feita em São Francisco mesmo. O nome era certamente interessante:

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Dia 2

No segundo dia tínhamos como destino o Bairro do Pião (com “i” mesmo), já no município de Piracaia. A gente ainda não sabia disso, mas seriam quase 2000m de altimetria acumulada em menos de 70km.

A região entre São José dos Campos e Igaratá é uma perfeição para gravels. As estradas são em sua maioria de cascalho mesmo, não de chão batido, e a altimetria, mesmo que pesada, tem alguns trechos de plano e descidas maravilhosas de cascalho.

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Passamos pelo chamado Guirra, um bairro de São José, logo antes de sair definitivamente para Igaratá. O terreno favorável para gravel continuou, mesmo que debaixo de um sol e um calor infernal, que não baixava dos 36ºC.

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Já quase nos aproximando do Bairro do Pião, começamos a nos preocupar em encontrar algum sítio ou local para armar as barracas. Foi então que bati palmas numa porteira de um sítio e perguntei para o dono se podíamos amar as barracas alí.

Os possíveis anfitriões não pareceram gostar da ideia. Disseram que onde a gente podia acampar tinha onça e lobo guará (tá bom…). No entanto, a gente viu que eles ficaram com um pouco de remorso de não terem sido um pouco mais hospitaleiros e, de repente, o filho do dono aparece de trás com um pedaço de bolo de banana e copo d’agua gelada para cada um de nós. Não tirei foto, mas imagina nossa cara de alegria.

Os últimos quilômetros foram da duríssima subida até o Pião. Chegando lá, fomos perguntar na igreja do pequeno bairro onde poderíamos acampar e, após um vai e vem com os moradores, um deles nos deu as chaves da escola municipal.

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O local estava em condições bastante precárias – uma pena por se tratar de uma escola – o que fez com que armássemos as barracas mesmo assim. Na foto de cima ela já está desarmada, mas dá pra ver que a noite anterior molhou tudo, tanto pelas goteiras como pelas janelas que já quase não têm vidro.

Dia 3

O terceiro dia foi o de volta para Atibaia. Com a altimetria mais amigável de todos os dias (ainda que 800m em 50km) e mais de 70% do trecho em asfalto, nos despedimos da Serra da Mantiqueira com visuais incríveis de uma das estradas de asfalto que considero mais belas da região: a de Piracaia ao Bairro do Pião

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Nessa estrada passa-se por duas represas que compõem o Sistema Cantareira, a Represa de Nazaré e a de Piracaia e é possível ver as duas no percurso.

Como você pode notar, ao invés de retornarmos a Joanópolis, nós seguimos direto para Atibaia. Mas a rota que desenhei serpenteia a Represa de Piracaia.

Enfim, chegamos em Atibaia por volta do meio dia. Já com saudade de 3 dias incríveis de cicloturismo na Serra da Mantiqueira.

Eu ainda vou escrever posts separados para os itens abaixo, mas já vou dar uma prévia aqui de cada um deles:

As bikes

cicloturismo-gravel-bikepacking-a-bagagem

A minha bike era a gravel Macho Man, da All City Cycles. O Lucas foi com uma Dinâmica Guará , uma fábrica nacional.

Nos trechos de asfalto elas desenvolviam bem demais, economizando nossas energias. Nos trechos de terra elas não deixavam nada a desejar. O garfo rígido, os guidões drop, os pneus 40mm meus e 42mm do Lucas, tudo foi perfeito.

Depois de muitos anos fazendo cicloturismo com mountain bike, eu não largo mais minha gravel para viajar de bike, a não ser que seja algum trecho absolutamente inacessível e muito mais proveitoso de mountain bike.

As bolsas e bagagem

Com excessão da trunkbag do Lucas, todas as outras bolsas da minha bike e da dele eram da linha Calango da Corisco, vendida pelo site OndePedalar.com.

Não sei exatamente como o Lucas destribuiu sua bagagem, mas na minha ela foi basicamente assim:

I. Bolsa de selim

A bolsa de selim de bikepacking da Corisco foi incrível! Ela é firme, fácil de montar, realmente impermeável – não só resistente – bonita e fica no lugar.

Eu levei nela:

  • Barraca;
  • Saco de dormir;
  • Isolante inflável;
  • Travesseiro inflável.

II. Bolsa de guidão

Já a bolsa de guidão de bikepacking de guidão drop da Corisco deixou a desejar. A sensação que fica é de que é necessário um pós doutorado em engenharia para conseguir fazer ela parar no lugar.

Ela não para no lugar, os fechos soltam o tempo todo e prensa demais os cabos. O guia que tem no Youtube contempla só a versão de guidão de MTB, não o drop, mas aparentemente as duas tem o mesmo sistema de fixação.

O caso do Lucas foi pior, como já comentei, e ele teve que em determinado momento da viagem colocar a mala atrás pois ela não parava no lugar. Eu já até encontrei outra pessoa num grupo de Facebook que também teve que se esforçar muito para conseguir deixar ela fixada.

No entanto, acho que vale dizer que ela tem também um material muito bom – igual à de selim – e que coube um monte de coisas dentro.

O que levei nela:

  • Roupas;
  • Ítens de higiene;
  • Comida;
  • Ferramentas;
  • Fone, carregador de celular e outras minúcias.

III. Mochila

Um erro que não cometerei outra vez. Eu achei que por ser apenas 3 dias poderia ir com uma mochila leve nas costas. Fazia muitos anos que não viajava de bike com mochila e infelizmente esqueci a sensação de estar sendo consumido de dentro pra fora por um kraken.

No final do terceiro dia parecia ter uma faca enfiada nas costas. Enfim, a mochila é excelente e coube algumas coisas que da próxima vez levarei numa bolsa de guidão.

O que levei:

  • Comida de caminho;
  • Corta vento;
  • Uma bolsa de Cabelback que não usei, só levei para emergência.

Por fim, as garrafas d’água e a bomba de ar foram ítens presos nos suportes do próprio quadro da bike.

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