Rota do Vulcão: relato de cicloturismo em Poços de Caldas MG
Com cerca de 330km de extensão, a Rota do Vulcão foi idealizada e entregue em 2021 pela ACPC (Associação de Ciclistas de Poços de Caldas).
A ideia do projeto era de criar uma rota de cicloturismo que explorasse uma das configurações geológicas mais emblemáticas do Sul de Minas Geirais: a caldeira vulcânica de Poços de Caldas – estrutura que dá o nome à cidade.
Por se encontrar na divisa de São Paulo e Minas, boa parte da rota se dá do lado paulista da fronteira.
Se estiver planejando fazer uma cicloviagem pela rota, não se deixe enganar pela distância de “apenas” 300 quilômetros: a altimetria do percurso é brutal, com quase 8 mil metros de ganho de elevação.
Boa parte da Rota do Vulcão coincide com outras rotas ciclísticas, como ramais do Caminho da Fé, a Rota do Café e a Rota das Capelas. Por conta disso, pousadas da região estão acostumadas a receber ciclistas, oferecem café da manhã e algumas até possuem lugar específico para o “pernoite” das bikes, além do ciclista, é claro.
Nós realizamos a rota em 4 dias sem carro de apoio, como comentarei mais adiante, e o site oficial da ACPC recomenda a realização em 7 dias -o que faz sentido não só pela dificuldade física, mas também por conta das inúmeras belezas naturais da região.
No entanto, se fosse realizar a Rota do Vulcão novamente, a organizaria da em 5 dias, da seguinte forma:
- Dia 1: Poços de Caldas→ Águas da Prata;
- Dia 2: Águas da Prata → Ibitiura de Minas;
- Dia 3: Ibitiura de Minas → Bandeira do Sul;
- Dia 4: Bandeira do Sul → Caconde;
- Dia 5: Caconde → Poços de Caldas
Mas como disse anteriormente, foi assim que a realizamos:
O relato: pedalando por uma caldeira vulcânica
Eu percorri a Rota do Vulcão com meu primo em Julho de 2021. Na época eu morava em Poços de Caldas e o pessoal da ACPC me convidou para percorrer a rota antes mesmo inauguração oficial e da sinalização ter sido concluída.
Este é um breve relato de quatro dias nas montanhas do Sul de Minas Gerais.
Dia 1: de Poços de Caldas a Andradas
O primeiro dia foi o mais longo da viagem. No início pega-se uma descida enorme que passa pelo município de São Roque da Fartura, e que engana, pois ainda tem muita subida pelo caminho.
As paisagens são ricas de natureza e, em alguns pontos, observando-se bem – e usando um pouco de nossa imaginação – é possível notar que se está de fato pedalando ao redor de uma caldeira vulcânica.
Este primeiro dia também foi o único com algumas trilhas, sendo todo o resto do percurso em estradas de terra e asfalto, apropriadas para cicloturistas de todos os níveis técnicos.
Ao chegar em Águas da Prata SP a Rota do Vulcão coincide com o Caminho da Fé. A cidade é bastante turística por ser um dos pontos de partida oficiais do Caminho.
Até Andradas subimos muito e descemos também, parando para uma foto ou outra. A estadia foi revigorante e após um dia inteiro pedalando sem apoio mecânico, tivemos uma merecida noite de sono.
Dia 2: de Andradas até Caldas
Para mim o dia mais bonito de todo ciclosturismo. Eu só coloquei algumas fotos aqui, mas não consigo explicar em palavras como a região de Santa Rita de Caldas é fascinante.
Meu local favorito é a Pedra do Elefante, com extensas plantações de café e banana em seus pés.
As vistas dos cafezais e do bem preservado meio ambiente da área são de tirar o fôlego, porém hegamos em Caldas muito cansados, pois as subidas dessa porção são extremamente longas e íngrimes.
Esta também foi a noite mais mal dormida de toda a viagem. Ficamos na Pousada do Edmar, que eu realmente não posso recomendar. As camas são muito desconfortáveis e tinha barulho na rua a noite inteira.
Dia 3: De Caldas a Botelhos
No terceiro dia o sobe e desce continua, oferecendo diversas vistas únicas. A primeira cidadezinha a ser visitada é Pocinhos do Rio Verde e, se soubéssemos, teríamos dormido aqui, pois fica a apenas alguns quilômetros de Caldas.
Almoçamos em Bandeira do Sul, onde mais uma subida brutal nos aguardava antes de nossa parada em Botelhos. Essa subida foi a mais difícil de toda a viagem – acho que um pouco pelo cansaço da noite mal dormida – mas reservou algumas das vistas mais imponentes.
Ficamos no hotel Prata de Minas, que eu recomendo fortemente. Dormi muito bem e o café da manhã estava divino. O hotel também fica no centro da cidade e é fácil reabastecer e sair para jantar.
Dia 4: Botelhos – Poços de Caldas
Talvez um pouco por já estarmos bastante cansados – e por ser uma região que eu já conhecia melhor – foi o dia que menos ficou na minha memória. O trajeto incluiu Palmeral, Caconde e Ribeirão de Santo Antônio.
Quando vejo as fotos, percebo que era cansaço mesmo, pois as vistas são espetaculares. Destaque para a travessia do Rio Pardo pela Ponte João Nery. Era Julho, então o nível das águas estavam baixas, o que revelava ainda mais as pedras de seu leito.
Outro ponto muito belo foi quase chegando em Poços de Caldas, onde é possível ver o “vulcão” no meio das plantações de café
Na época, a organização de cicloturismo da Rota do Vulcão havia comentado comigo que entregariam certificado de conclusão do percurso, mas busquei a informação no site oficial e não a encontrei.
Ficaram então as memórias das cidades, pessoas da aventura por uma das rotas de cicloturismo mais belas que já percorri.
As bicicletas
Fui com uma MTB cross country com bolsas de bikepacking – a Rockrider XC500. A bike tinha transmissão 12v com cassete 11-51, sendo ideal para os inúmeros trechos íngrimes e técnicos do roteiro.
Meu primo foi com uma Caloi Moab com transmissão Alivio 2×9 e a bike foi muito bem também.
Uma rota de cicloturismo de respeito
Em resumo, eu recomendo a todos os ciclistas que gostam de viajar de bicicleta a percorrer a Rota do Vulcão de Poços de Caldas MG. Sou extremamente grato pela rota ter sido concebida quando eu por acaso estar morando lá durante a pandemia.
Caso queira mais detalhes das pousadas, dicas da rota, época para percorrer, etc, fique a vontade para entrar em contato comigo pelos comentários do post.