Shimano ou SRAM: O Comparativo Definitivo no MTB (2024)

A disputa entre Shimano e SRAM é um tema recorrente no mundo do Mountain Bike, gerando debates sobre qual das duas fabricantes oferece as melhores linhas de transmissão.

A cada ano, as duas empresas introduzem inovações e novas linhas, tornando a comparação ainda mais complexa. Este artigo é o resultado de uma extensa pesquisa, com o objetivo de fornecer um comparativo definitivo entre Shimano e SRAM para mountain bikes.

Se você já se perguntou qual é melhor, este é o guia que promete responder todas as suas dúvidas. Esqueça as tabelas comparativas simplistas; aqui, vamos mergulhar nos detalhes que realmente importam para você escolher a melhor opção para a sua MTB Cross Country

As maiores fabricantes de componentes de bicicleta do mundo

Capa shimano vs sram

Quando falamos de Shimano versus SRAM, estamos discutindo a maior batalha no mercado global de componentes para bicicletas, que oferecem componentes tanto para ciclistas de fim de semana como para atletas do Tour de France.

A Shimano, fundada em 1921 por Shozaburo Shimano, domina 85% do mercado de componentes para ciclismo, além de atuar em outros segmentos como pesca e remo.

Já a SRAM, mais jovem, surgiu nos Estados Unidos nos anos 90 e rapidamente se expandiu, adquirindo marcas renomadas como RockShox e Truvativ.

Essa competição relativamente recente tem se intensificado, especialmente no Mountain Bike, onde ambas as marcas introduzem tecnologias inovadoras que beneficiam diretamente os ciclistas. Com o mercado de e-bikes em ascensão, a rivalidade só tende a se acentuar.

Porque uma tabela comparativa Shimano x SRAM não faz sentido

tabela comparativa sram vs shimano

A tradicional tabela comparativa entre Shimano e SRAM, que deveria simplificar a escolha entre as marcas, é na verdade enganosa. Ela não captura as nuances das duas fabricantes, que têm abordagens distintas.

Veja alguns dos pontos principais:

1- A SRAM não vende mais linhas completas de entrada

Antigamente, a SRAM vendia as linhas X3, X5, X7 e X9. Elas seriam as competidoras diretas de Altus, Acera e Alivio. Apesar de ser possível comprar alguns componentes destas linhas de maneira avulsa, não há mais a venda do kit completo.

Sendo assim não é possível comparar Altus, Acera e Alivio, as linhas de entrada da Shimano, com os grupos MTB da SRAM.

2- Shimano Deore possui 3 kits distintos

A família de componentes Deore é dividida entre os conjuntos M4100 (de 10 velocidades), M5100 (de 11 velocidades) e M6100 (de 12 velocidades). A SRAM não vendee nenhum kit de transmissão completo com 10 ou 11 marchas, portanto não há uma comparação direta a ser feita entre Deore e SX Eagle.

3- O novo conjunto de entrada

Há alguns anos, a Shimano lançou o conjunto Cues. Com 11 marchas, a promessa é ser um kit entre o Alivio e o Deore, sendo a principal diferença a quantidade de marchas: 11 ao invés das 9 do Alivio. Não existe um paralelo direto entre o Cues e a SRAM.

Os grupos de MTB XC da Shimano

Os grupos de MTB da Shimano sâo, do mais básico ao mais avançado:

  • Altus
  • Acera
  • Alivio
  • Cues
  • Deore M4100
  • Deore M5100
  • Deore M6100
  • SLX
  • XT (e XT Di2)
  • XTR (e XTR Di2)

É importante também deixar claro aqui que XT Di2 e XTR Di2 são linhas irmãs das tradicionais. Ou seja, as tecnologias são exatamente as mesmas, com excessão de tudo de digital e automático que o Di2 agrega. Não há cabos e o visor do passador é digital, mostrando inclusive quanta bateria o sistema tem. Ah, Di2 = Digital Integrated Inteligence.

Os grupos de MTB XC da SRAM

Não existindo mais a venda completa dos conjuntos X3 ao X9 – e sim apenas peças avulsas – esses são os conjuntos de relação da SRAM, também do mais básico para o mais avançado:

  • SX Eagle
  • NX Eagle
  • GX Eagle (e AXS)
  • XX01 Eagle (e AXS)
  • XX1 Eagle (E AXS)

Assim como o Di2, os conjuntos AXS das linhas de ponta não possuem diferenças significativas para as mecânicas.

Comparando SRAM x Shimano

E nada melhor que começar do começo. Falarei, portanto, do que considerei como linhas de entrada das duas fabricantes de componentes.

1- As linhas de entrada

Sram SX vs Deore M4100 e M5100

As linhas de entrada que estou considerando neste comparativo são:

  • Shimano Deore M4100 (10v) e Deore M5100 (11v)
  • SRAM SX Eagle

Vamos começar pela Shimano.

O grupo Deore, tanto em sua versão M4100 de 10 velocidades quanto na M5100 de 11 velocidades, é uma escolha sólida para quem busca um desempenho confiável sem gastar uma fortuna.

A Shimano fez um excelente trabalho ao trazer tecnologias das suas linhas superiores para esses grupos de entrada. A tecnologia Shadow RD+, por exemplo, é um recurso que evita o estalo da corrente em terrenos acidentados, algo que antes era reservado para linhas mais avançadas.

Além disso, o Deore oferece a flexibilidade de usar pedivela duplo, o que ainda é uma vantagem para quem prefere uma maior variedade de combinações de marchas, especialmente em terrenos variados.

Do lado da SRAM, a linha SX Eagle é a aposta para quem deseja ingressar no mundo das transmissões 1×12, uma tendência que se consolidou nos últimos anos.

Com um cassete que oferece uma gama de 11-50 dentes, o SX Eagle permite que você encare subidas íngremes sem problemas, e ainda assim mantenha uma boa velocidade em descidas. A tecnologia X-SYNC 2 nas coroas é uma das principais inovações da SRAM, projetada para aumentar a retenção da corrente, evitando que ela salte em terrenos acidentados.

Resumo

Comparando as linhas de entrada, minha preferência vai para o Shimano Deore, principalmente pela sua versatilidade. O Deore M5100, com suas 11 velocidades e a possibilidade de pedivela duplo, oferece uma flexibilidade que o SX Eagle da SRAM não alcança, especialmente para ciclistas que apreciam a opção de múltiplas coroas (nem tudo depende de um câmbio traseiro).

O sistema 1×12 da SRAM SX Eagle, no entanto, é uma escolha excelente para aqueles que preferem simplicidade e confiabilidade, particularmente em trilhas mais técnicas. Mas, no geral, a Shimano ainda leva vantagem por sua maior adaptabilidade a diferentes estilos de pedal, na opinião deste que vos escreve.

2- As linhas intermediárias

Sram GX e SRAM X01 vs Shimano SLX e Shimano XT

As linhas intermediárias que vou analisar são:

  • Shimano SLX e Shimano XT
  • SRAM NX Eagle e GX Eagle

Nesta categoria, tanto a Shimano quanto a SRAM oferecem opções que atendem tanto ciclistas amadores avançados quanto aqueles que já estão em níveis competitivos. A linha SLX da Shimano, com suas 12 velocidades, se destaca por ser um dos grupos mais equilibrados do mercado. Com opções de configuração que incluem desde o tradicional 2×12 até o popular 1×12, o SLX é uma verdadeira obra de engenharia.

A Shimano incorporou tecnologias como o Two-Way Release, que permite ao ciclista soltar o cabo tanto com o polegar quanto com o indicador, proporcionando uma troca de marchas mais fluida e ergonômica. Outro destaque é o Hyperglide+, uma evolução que garante trocas de marchas suaves mesmo sob carga pesada, uma vantagem clara em subidas ou em sprints. O cassete do SLX varia de 10-51 dentes, oferecendo uma ampla gama de marchas para enfrentar qualquer tipo de terreno.

Por outro lado, a SRAM apresenta a linha NX Eagle como sua porta de entrada para as transmissões 1×12 de alto desempenho. O NX Eagle, com um cassete 11-50 dentes, é ideal para quem quer simplicidade aliada a um desempenho consistente. A SRAM também utiliza o sistema DUB para o movimento central, que promete maior durabilidade e compatibilidade com diferentes quadros, sendo um diferencial interessante para quem quer um sistema mais robusto.

A retenção da corrente com a tecnologia X-SYNC 2 garante que você não terá surpresas desagradáveis em trilhas mais técnicas. O GX Eagle é o próximo passo para quem busca ainda mais performance, oferecendo um sistema mais refinado, com trocas de marcha precisas e a mesma amplitude de marchas que o NX Eagle, mas com componentes mais leves e resistentes.

Resumo

Nas linhas intermediárias, o duelo entre Shimano e SRAM se equilibra.

O Shimano SLX oferece uma variedade de opções que podem ser mais atraentes para quem ainda valoriza a possibilidade de ter um pedivela duplo ou triplo. Por outro lado, o NX Eagle da SRAM se destaca pela simplicidade e eficiência do sistema 1×12, que é ideal para ciclistas que buscam um setup mais limpo e de fácil manutenção.

Quando subimos para o GX Eagle e o XT da Shimano, o equilíbrio permanece, mas o GX Eagle pode ganhar pontos pela durabilidade e eficiência da retenção da corrente. No fim das contas, os dois oferecem ótimos conjuntos, e a escolha vai depender mais da preferência pessoal por uma configuração específica do que de uma vantagem técnica clara.

3- As linhas de ponta

Sram XX1 vs Shimano XTR

Por fim, vamos às linhas de ponta do embate Shimano x SRAM, onde o duelo é entre:

  • Shimano XTR e XTR Di2
  • SRAM XX1 Eagle e XX1 Eagle AXS

Chegamos ao topo das gamas, onde cada detalhe faz diferença e cada inovação pode definir uma vitória. A Shimano, com o XTR e sua versão eletrônica Di2, mantém seu status como líder em precisão e inovação. O XTR, em suas várias configurações, oferece tecnologias como o Multi Release, que permite trocas de marchas múltiplas com um único movimento, e o Instant Release, que garante a liberação imediata do cabo para trocas de marchas extremamente rápidas.

O sistema Hyperglide+ é particularmente eficaz nas versões de 12 velocidades, proporcionando uma transição suave entre os cogs, mesmo sob cargas pesadas, como em subidas íngremes. O Di2, por sua vez, eleva a precisão a um nível inigualável, com trocas eletrônicas que praticamente eliminam qualquer margem de erro, algo essencial em competições de alto nível.

Do lado da SRAM, o XX1 Eagle AXS representa o que há de mais avançado em tecnologia sem fio. Com um cassete que vai de 10 a 52 dentes, a SRAM não só oferece uma gama de marchas impressionante, mas também a simplicidade de um sistema 1×12 que dispensa o câmbio dianteiro.

A inovação não para por aí: o AXS traz uma experiência de troca de marchas totalmente sem fio, o que facilita a instalação, a manutenção e garante uma resposta rápida e precisa. A tecnologia X-SYNC 2 continua a ser o coração do sistema de retenção de corrente, garantindo que mesmo nas condições mais extremas, a corrente permaneça no lugar. A SRAM apostou pesado na simplicidade e na eficiência, e o resultado é um grupo que atende perfeitamente as necessidades dos ciclistas de elite.

Resumo

Nesta categoria, a Shimano e a SRAM se enfrentam de igual para igual, com soluções altamente avançadas que prometem desempenho excepcional em qualquer situação.

No entanto, a SRAM pode ter uma pequena vantagem com seu cassete de 52 dentes, que oferece uma marcha adicional para enfrentar as subidas mais íngremes. Apesar disso, a escolha entre XTR e XX1 AXS vai depender mais do estilo e das preferências de cada ciclista.

A Shimano oferece uma abordagem mais tradicional, com a possibilidade de utilizar câmbios dianteiros em algumas configurações, enquanto a SRAM vai em direção oposta, eliminando completamente o câmbio dianteiro e apostando em um sistema mais simplificado.

Veredito

Após analisar as linhas de entrada, intermediárias e de ponta das transmissões Shimano e SRAM, fica claro que ambas as marcas têm suas forças e peculiaridades. No entanto, algumas tendências se destacam ao considerarmos o conjunto da obra em cada nível.

Veredito dos Grupos de Entrada

No nível de entrada, a Shimano se sobressai. O Deore M4100 (10v) e M5100 (11v) oferecem uma combinação atraente de tecnologias avançadas, como a Shadow RD+, e a flexibilidade de uso com pedivelas duplos. Isso faz com que o Deore seja uma escolha mais versátil e robusta para iniciantes que buscam uma boa relação custo-benefício e a possibilidade de enfrentar diferentes tipos de terreno.

O SRAM SX Eagle, por outro lado, é uma excelente opção para quem quer simplicidade e um sistema moderno de 12 velocidades, mas a falta de opções de coroas e a menor disponibilidade de peças no Brasil deixam a Shimano com uma vantagem significativa.

A Shimano também facilita a vida dos iniciantes com sua maior presença no mercado nacional, garantindo acesso fácil a peças de reposição e manutenção.

Veredito dos Grupos Intermediários

Nos grupos intermediários, encontramos um equilíbrio interessante. A Shimano oferece o SLX e o XT, que se destacam pela variedade de configurações, incluindo opções com pedivela duplo ou triplo, algo que ainda faz sentido em muitos terrenos brasileiros. As tecnologias como Two-Way Release e Hyperglide+ adicionam um nível de sofisticação que torna essas transmissões extremamente confiáveis e adaptáveis a diferentes estilos de pedal.

Por outro lado, a SRAM com suas linhas NX Eagle e GX Eagle preenche uma lacuna importante ao oferecer sistemas 1×12 acessíveis e robustos, ideais para quem quer simplicidade sem sacrificar a performance.

O NX Eagle, em particular, oferece uma solução que a Shimano não cobre diretamente, especialmente para quem procura um cassete com mais de 40 dentes e uma configuração de coroa única. No entanto, a limitada disponibilidade de produtos SRAM no Brasil e a menor adoção por parte das montadoras nacionais equilibram a balança.

Veredito dos Grupos de Ponta

Nos grupos de ponta, a disputa é acirrada. A Shimano com seu XTR, especialmente na versão eletrônica Di2, continua a ser um padrão de excelência em precisão e inovação. As tecnologias como Multi Release, Instant Release e Hyperglide+ são projetadas para ciclistas que exigem o máximo desempenho em competições. A Shimano também mantém a opção de pedivelas duplos, oferecendo uma flexibilidade que ainda atrai muitos ciclistas.

Entretanto, a SRAM com o XX1 Eagle AXS redefine o mercado com sua transmissão sem fio e um cassete que vai até 52 dentes. A leveza dos componentes e a inovação do sistema AXS colocam a SRAM ligeiramente à frente em termos de tecnologia de ponta. O fato de a SRAM ter eliminado completamente as coroas duplas em favor de um sistema 1×12 reflete uma tendência que pode se consolidar no futuro, especialmente entre ciclistas de elite.

Veredito: SRAM à frente

Conclusão

No geral, a Shimano leva vantagem nos grupos de entrada, oferecendo uma combinação superior de tecnologia e disponibilidade, crucial para ciclistas iniciantes e intermediários.

Nos grupos intermediários, a disputa é equilibrada, com cada marca oferecendo soluções distintas que atendem diferentes necessidades. Já nos grupos de ponta, a SRAM se destaca com sua abordagem inovadora e sistemas mais leves e avançados, colocando-se ligeiramente à frente da Shimano.

Ambas as marcas têm muito a oferecer, e a escolha final dependerá do estilo de pedal do ciclista, das suas preferências por determinadas tecnologias e, claro, da disponibilidade dos componentes no mercado brasileiro.

Aviso final: atenção para compatibilidade!

Um ponto crucial a ser destacado, especialmente para quem está montando ou atualizando a bicicleta, é a questão da compatibilidade entre os sistemas Shimano e SRAM, especificamente em relação aos cassetes e freehubs.

A Shimano utiliza o padrão Micro Spline para suas transmissões de 12 velocidades, um sistema que permite o uso de um cog de 10 dentes no cassete.Esse padrão foi desenvolvido para melhorar a conexão e a rigidez entre o freehub e o cassete, proporcionando uma troca de marchas mais suave e precisa.

Por outro lado, a SRAM utiliza o sistema XD para seus cassetes Eagle. Esse padrão também permite o uso de um cog de 10 dentes, mas não é compatível com o Micro Spline da Shimano. Isso significa que, ao escolher entre Shimano e SRAM, o ciclista precisa estar atento à compatibilidade do freehub do cubo traseiro com o cassete que deseja utilizar.

Trocar entre os dois sistemas pode exigir a troca do cubo ou até mesmo da roda, dependendo da configuração existente.

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One Comment

  1. Ótimos esclarecimentos, particularmente sou fan da Sran , tenho 2 bk com Sram (X7eX9) e uma atual com shimano deore mesclada, a shimano demorou muito para colocar cubos com rolamentos e os da shimano são impraticáveis 

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